Onde está a bravura dos Navegadores?


Portugal tropeçou. Não caiu, não se pense que se espalhou ao comprido, mas também não ficou fortalecido - só com uma vitória, acompanhada ou não por uma exibição convincente e capaz, poderíamos ficar satisfeitos. Evitamos, porém, uma derrota. Seria um pé fora do comboio do apuramento, uma enorme desvantagem em relação à Costa do Marfim, aquele que será o adversário directo na luta para decidir o acompanhante do Brasil na passagem aos oitavos-de-final (e isto é a teoria a falar por mim!...), quase um prenúncio de morte. É claro que o futebol nos surpreende a cada momento e todas as projecções ficam, depois, sem sentido. O empate de Portugal com a Costa do Marfim nem é bom nem é mau. É as duas coisas e não é nenhuma. Ao mesmo tempo. Está confuso, leitor? Eu explico-me.

O empate de Portugal é bom porque é sempre um ponto somado, que poderá fazer toda a diferença, e o adversário fica em igualdade, não podendo estar, desde a primeira jornada, em vantagem para seguir em frente. Aplica-se a ambos: aos portugueses e aos costa-marfinenses. Por outro lado, no reverso da medalha, é mau. Qualquer adepto de futebol nunca gosta de empatar. É melhor do que perder, lógico, mas não satisfaz: esperamos sempre a vitória. Se a alcançasse, Portugal conseguiria um avanço e ganharia optimismo para encarar os próximos jogos, com a Coreia do Norte e com o Brasil, para seguir em frente. Bastariam, caso vencesse a Costa do Marfim, três pontos frente aos coreanos e uma ajudinha do Brasil perante a selecção de Eriksson. Seria demasiado fácil. Um Mundial nunca o é.

Pior do que o resultado, esse enfadonho nulo que nem permite aos adeptos festejarem um golinho que seja, foi a exibição portuguesa. Frente a uma Costa do Marfim bem organizada, coesa e unida, tapando todo o espaço de progressão e contando com serviço de vigia permanente a Ronaldo e Deco, os jogadores portugueses não conseguiram abrir brechas e incomodar verdadeiramente a defesa costa-marfinense. Barry, o guarda-redes, passou incólume - só tremeu realmente naquele remate de Ronaldo ao poste, logo no princípio. Nem uma defesa realmente difícil para amostra - Eduardo fez uma, no reinício, num pontapé de Gervinho. Portugal nunca se conseguiu soltar, mostrar o seu futebol e jogar com alegria. Foi uma equipa presa à defesa, atolada de preocupações defensivas, com cautelas para não deixar as estrelas africanas, sobretudo Gervinho e, no final, Drogba, terem êxito para assustar Eduardo. Aí esteve bem. Mas não funcionou como colectivo no ataque. É preciso mais garra, mais querer, mais dinâmica.

Colocando o Brasil num patamar superior, de claro favoritismo, e a Coreia do Norte como frágil selecção, uma espécie de patinho feio, Portugal e Costa do Marfim estão em igualdade. E foi assim que estiveram no jogo de estreia, hoje, em Port Elizabeth (os costa-marfinenses foram sempre a equipa mais confortável sob o relvado, a mais esclarecida e menos nervosa). Nenhuma delas quis perder, fugiram da derrota como o diabo da cruz. Esse objectivo foi alcançado por ambas e as oportunidades de golos foram bem escassas. Contudo, nem Queiroz nem Eriksson, mostraram verdadeira vontade de vencer. Pelo contrário, aceitaram o empate. Não estão totalmente satisfeitos, não, mas sempre é um ponto e é melhor do que não ter nenhum. Portugal acusou a estreia, jogou nervoso, as pernas tremeram. Nada está perdido. Há que ganhar à Coreia do Norte. É uma obrigação, não há volta a dar. Vamos em frente!

6 Response to "Onde está a bravura dos Navegadores?"

  1. A verdade é esta quinta-feira, junho 17, 2010
    Se os "navegadores" continuarem a "navegar" desta maneira, correm o risco de se afundarem prematuramente
  2. Anónimo quinta-feira, junho 17, 2010
    O problema nao foi o resultado contra os africanos,mas sim a exibição desastrosa,e ainda pior,nao parece que vá melhorar.
    Estou muito pessimista em relaçao á nossa selecçao. Nao mostram fulgor,orgulho,entusiasmo, nao mostram nada,parece que é cada um por si,infelizmente...
  3. CarlosSLB quinta-feira, junho 17, 2010
    Depois do resultado de ontem da espanha, é provável que dê para chegarmos aos quartos de final.
    Presumindo que vencemos a coreia do norte e que o brasil vence a costa do marfim, vamos jogar contra os brasileiros já apurados, o que nos facilita a tarefa. Nos oitavos, é provavel que a espanha se apure em segundo, o que a acontecer, já nao joga contra nós. O que é excelente para as nossas aspirações.
    Mas isto são as contas já habituais do povo português.
  4. Filipe quinta-feira, junho 17, 2010
    O jogo contra a coreia do norte não vai ser pêra doce. Então se jogarem com a vontade que jogaram contra a costa do marfim, estamos lixados!
  5. André quinta-feira, junho 17, 2010
    É como já disse aqui, são navegantes sem rumo, com barco a vapor no século XXI, mas com vencimentos actualizados ;)
  6. André quinta-feira, junho 17, 2010
    É como já disse aqui, são navegantes sem rumo, com barco a vapor no século XXI, mas com vencimentos actualizados ;)