ESTE MUNDIAL TEM FEITIÇO?
Não acredito nessas coisas de malapata. Mas, vamos ser sinceros, este Mundial da África do Sul parece querer estragar os planos de alguns dos sessenta e quatro seleccionadores e dos seus seleccionados. Diria Miguel de Cervantes: yo no creo en brujas pero que las hay las hay. Portugal tinha aquilo a que se pode chamar um lesionado de longa duração: José Bosingwa. Tal como Fabio Capello, na selecção de Inglaterra, soube de antemão que não poderia contar com David Beckham. Ou, na Alemanha, Joachim Löw ficou privado de Michael Ballack, o seu capitão, um jogador influente na Mannschaft. As lesões, essas diabruras, foram culpadas nos três casos. Matam o sonho, dão dores de cabeça insuportáveis, obrigam a mexidas forçadas. O Mundial, a prova maior, onde devem estar presentes os melhores, fica empobrecido. Já eram baixas suficientes, não?

A má fortuna, sempre aparecida quando menos se espera, bastando um olhar para o lado para que se apodere de tudo, entendeu que ainda não havia feito o que lhe competia. Por isso voltou a aparecer em força. Não atacou num único local, fê-lo em vários. Atacou Lass Diarra, em França, que deixou de figurar entre os eleitos de Raymond Domenech. Depois, quando as listas oficiais já estavam entregues e fechadas a sete chaves, Rio Ferdinand, o esteio da defesa britânica, lesionou-se. Fabio Capello lá voltou a pôr as mãos na cabeça, desalentado, impotente para lidar com o destino. Porca miseria!. O infortúnio deixou a Europa, viajou, foi largar o seu veneno à África, ao Gana e à Nigéria, em dois colegas de equipa. Michael Essien e John Obi Mikel, companheiros no Chelsea, estrelas das suas respectivas selecções, também foram marcados. Toca a todos, é assim.
Para cúmulo do regozijo dessa maldita má sorte, quando parece mesmo feitiçaria, há quem deite quase tudo a perder nas vésperas de iniciar a competição. Didier Drogba, avançado costa-marfinense que defrontará Portugal na estreia no Mundial da África do Sul, um jogador de classe inegável, lesionou-se num jogo particular, ante o Japão. Seria uma baixa de vulto. Sven-Goran Eriksson, seleccionador da Costa do Marfim, engoliu em seco, passou a mão pela testa. Os adversários sorriram timidamente, como quem não quer a coisa, porque, apesar do lamento pelo colega, a sua selecção africana fica enfraquecida. É uma incógnita: Drogba foi operado, já se disse que não estaria apto, mas poderá, afinal, ter condições de jogar ante Portugal, dia 15. E o que dizer do caso de Arjen Robben? Tentou fazer um toque de calcanhar e lesionou-se. Tanta malvadez junta. Pirlo, em Itália, é outra interrogação.

Chegamos a Portugal. No meio de tudo isto, Bosingwa à parte, não ter baixas de última hora é uma sorte. Com os olhos no jogo ante Moçambique, o último de preparação antes do Mundial, tudo o que se pedia, no meio de tanto mau olhado que por aí tem rondado, era, fosse qual fosse o resultado final, que ninguém se magoasse. Carlos Queiroz fez figas. Ele e todo o povo português. Nem foi preciso chegar ao jogo. Antes disso, o azar, ou lá o que é, bateu forte. Nani, um dos jogadores em maior destaque depois de uma época emergente no Manchester United, viu uma lesão na clavícula obrigá-lo a fazer as malas de regresso a Portugal. Logo ele. Logo um jogador que se mostrara disposto a dar boa continuidade ao que havia feito, que tivera preponderância na selecção. Rúben Amorim saltou para África do Sul em substituição. Está confirmado: este Mundial não é comum. Yo no creo en brujas...


Dificilmente será uma prova bem conseguida.
Parece que este mundial está destinado ás selecções mais fracas...
Excelente imagem, boas fotos nos posts, escreve-se bem. Estive a fazer uma revisão de alguns posts e parece-me ser um blogue bastante isento e coerente. Parabéns.
Vou passar a acompanhar.
É sempre importante receber a opinião de novos visitantes.
Cumprimentos
Boa crónica Ricardo, mais uma.