Lendas
Zico
Nome completo: Arthur Antunes Coimbra
Data de nascimento: 03/03/1953
Clubes que defendeu: Flamengo, Udinese e Kashimna Antlers
Selecção: 94 jogos, 68 golos.
Conta-se que quando foi treinar pela primeira vez ao Flamengo, o ex-jogador Modesto Bria, treinador das camadas jovens do clube da Gávea, franziu os olhos quando viu, junto ao campo, um miúdo de 14 anos mas que parecia ter só 12, tão magrinho, quase raquítico, com 1.45 cm de altura, dentes tortos e ombros caídos, pedindo para jogar entre os bem nutridos e grandões miúdos de Bria. Só entraria a dez minutos do fim do treino de captação, quando o treinador já mal olhava para o campo.
Foi então que aquele monte de ossos, tocou na bola pela primeira vez e logo ali a colocou por entre as pernas do seu marcador, um negrinho forte, deixando-o caído no chão. Em seguida, inventou mais alguns lances de igual nível e Bria abriu os olhos de espanto. Com era possível? Nesse preciso instante nascia o melhor jogador brasileiro dos anos 80, Arthur Antunes Coimbra, Zico. Coube ao preparador físico José Roberto Francalacci, a dura tarefa de fortalecer os seus músculos.
Foi submetido a uma dieta especial, enfrentou duros treinos de resistência física, tratou dos dentes, ganhou peso, aos 17 anos já tinha 59 quilos e media 1.72 cm, ergueu os ombros e fez-se craque de corpo inteiro. A 21 de Julho de 1971, fazia a sua estreia na primeira equipa do Flamengo. O treinador que o lançaria na selecção seria Osvaldo Brandão, no Uruguai.
Desde que Pelé abandonará o futebol o Brasil carpia a mágoa de ainda não ter descoberto um génio igual, capaz de lhe continuar a garantir as mesmas conquistas. No final dos anos 70, uma nova estrela emergia na relva da Gávea: Zico, o Galinho de Quintinho, o bairro onde nascera. No momento da sua explosiva aparição muitos não tiveram dúvidas em chamá-lo de Pelé branco.
Durante o Mundial de 78', ele foi o principal motivo de contestação ás opções de Coutinho que já conhecia Zico de ser seu treinador no Flamengo. A nova grande estrela do futebol brasileiro vinha arrastando uma série de problemas musculares, mas mesmo em condições, o seleccionador hesitava em lhe entregar as chaves do meio campo. Zico era um poeta, um digno representante da dinastia do futebol arte, o seu futebol era de cristal. Os seus golos eram tão bonitos que até os cegos lhe pediam: “Zico, por favor, conte-me esse golo!”.

Sempre com o nº10 nas costas, Zico tornou-se no grande amor da torcida do Flamengo, pelo qual se sagrou campeão brasileiro em 89, 82, 83 e 87. Tratava a bola como uma amiga e marcava livres de rara beleza: “A verdade é que eu estava aprendendo sempre. No início já rematava bem, mas só para um dos postes, o da direita do guarda redes. Depois, treinei muito e aprendi a dar á bola o efeito contrário e colocar no poste direito, o lado esquerdo do guarda redes. Foi difícil. Estive um ano inteiro todos os dias no final dos treinos durante horas até que adquiri a perfeição”. Em toda a sua carreira Zico só perderia dois jogos dos que disputaria pela Selecção Brasileira mas nunca se sagrou campeão mundial. in Planeta do Futebol
Abraço - Sérgio Pereira