Benfica já encomendou as faixas
O Benfica está a um pequeno passo de ser campeão nacional. A contagem decrescente já se iniciou e as faixas estão na fase de acabamento. Com três jogos pela frente e seis pontos de vantagem, só um autêntico cataclismo impedirá os encarnados de, quatro anos depois, voltarem a quebrar o domínio do FC Porto e conquistarem o campeonato. Neste momento, faltam somente quatro pontos para os benfiquistas terem oportunidade, então, de iniciar os festejos. O Benfica será, aliás, um justo vencedor. A equipa de Jorge Jesus tem, em vinte e sete jogos realizados, vinte e duas vitórias, quatro empates e apenas uma derrota - em Outubro, ante o Sp.Braga. É regular, portanto. Acresce ainda que leva uma tremenda vantagem nos golos marcados - setenta, tal como pontos conquistados, perante cinquenta e oito do FC Porto - e junta o estatuto de melhor defesa (sofreu dezasseis golos, o FC Porto mais três).
Jorge Jesus foi sempre, ao longo da sua carreira, egocêntrico. Em qualquer clube por onde passou, desde o Felgueiras ao Sp.Braga, não teve pejo em exaltar os seus méritos e ressalvar a competência no trabalho desenvolvido. Faz parte da personalidade, goste-se ou não. Isso, contudo, é somente uma parte. O mais importante são, obviamente, os resultados que daí advêm. E, por norma, teve sucesso nos clubes em que esteve: salvou o Felgueiras, o Moreirense e o Vitória de Guimarães da descida de divisão; projectou o Belenenses, repescado após ter caído no segundo escalão, para a Europa; mostrou serviço no comando do Sp.Braga, não tanto no campeonato, mas, sobretudo, na Taça UEFA - os minhotos foram eliminados pelo Paris Saint-Germain nos quartos-de-final. O interesse dos grandes veio logo a seguir. Falou-se no FC Porto, o Benfica foi o destino.
Quando foi apresentado na Luz, Jorge Jesus foi igual a si próprio: esta equipa vai jogar o dobro e, se calhar, o dobro é pouco. Foi peremptório naquilo que disse. Imediatamente teve impacto nos benfiquistas. Existia, porém, o fantasma de épocas anteriores em que o Benfica muito prometeu e pouco ou nada conquistou. Manteve-se, por isso, algum cepticismo. A pré-temporada avassaladora, onde os encarnados conquistaram todos os troféus em que participaram, aliando vitórias a exibições de enorme valia, desfez todas as dúvidas e mostrou que o Benfica conseguira construir um plantel capaz de deixar a sua marca. Agora, a três jornadas do final do campeonato e olhando para trás, a frase de Jorge Jesus faz todo o sentido: o treinador encarnado conseguiu colocar a equipa a jogar um futebol convincente, envolvente e vencedor. Sem qualquer paralelo em época recentes. Desde Agosto a adesão do público foi total. Voltar a unir o universo benfiquista é outro mérito do treinador.
Um dos principais factores do sucesso benfiquista esteve, indiscutivelmente, nas alternativas que Jorge Jesus dispôs. Todas as equipas têm um núcleo duro, sim, mas no Benfica há soluções que faltaram nos outros candidatos - no Sp.Braga naturalmente pelos objectivos iniciais da equipa, no FC Porto por uma lacuna chamada Lucho González que não foi colmatada, no Sporting por alguma falta de ambição demonstrada na forma como o mercado foi atacado no Verão. O caso mais gritante é Weldon. O avançado brasileiro somente jogou trezentos e dezassete minutos, viveu sempre na sombra de Cardozo e Saviola - El Conejo terá sido, provavelmente, o jogador mais importante no Benfica - mas revelou-se decisivo quando chamado: fez o golo do empate inaugural ante o Marítimo, bisou para a recuperação e vitória na Figueira da Foz, abriu caminho ao triunfo ante a Académica. São cinco golos absolutamente vitais.
Há, depois, jogadores como Fábio Coentrão, Carlos Martins ou Rúben Amorim. O primeiro esteve próximo de um empréstimo, o enésimo da carreira, actualmente é um lateral-esquerdo de grande valia; os outros dois assumiram preponderância que não tinham no passado. São três casos claros, sobretudo Coentrão, de como este Benfica conseguiu formar e amadurecer jogadores. E se pensarmos que na época passada, Óscar Cardozo, melhor marcador da equipa com trinta e três golos em todas as competições, estava no banco? E Aimar fora da sua posição? E David Luiz, cada vez mais um central de classe, jogava sob o lado esquerdo da defesa? Jorge Jesus simplificou, colocou os jogadores nas suas posições, não inventou. Ganhou e fez ganhar com isso. Está mais treinador e o Benfica está crescido. A ligação resultou. O campeonato está à espera.
Cumprimentos
Espero/sugiro que faça uma crónica sobre a melhor época de sempre do Braga, que acredito que teria sido campeão, não fosse a melhor época das últimas décadas do Benfica e alguns azares pelo meio.
Espero que continue a passar por cá e a comentar.
Cumprimentos